domingo, novembro 26, 2006

ocaso/ocasião

morreu hoje Mário Cesariny, o que pouco importa a todos os que não o conheciam.
a mim serve de motivo para colocar um dos seus poemas de que gosto.


"
em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te perco
conheço tão bem o teu corpo
sonhei tanto a tua figura
que é de olhos fechados que eu ando
a limitar a tua altura
e bebo a água e sorvo o ar
que te atravessou a cintura
tanto tão perto tão real
que o meu corpo se transfigura
e toca o seu próprio elemento
num corpo que já não é seu
num rio que desapareceu
onde um braço teu me procura
"


porque o mais das vezes, as palavras de outro são mais nossas que as nossas próprias palavras.

terça-feira, novembro 07, 2006

polaroid

o papel em branco é um bicho muito rápido. derivado a isso, vai a gente largar qualquer coisa em cima e quando olha...já nada.
oh engenhosos engenheiros! inventem a internet da cabeça, o gravador do pensamento. qualquer coisa que acabe com a distância entre a minha cabeça e a ponta dos meus dedos.

geografia

um jovem rei pergunta
- de que cor é o medo?
eu respondo
- é da cor dos teus olhos demasiado virados a Sul

há coisas assim

este blog ainda não está vivo
mas também já não está morto

apetece explicar

para o ressuscitar vou dar uma das razões que me levaram a criar o blog e a dar-lhe este nome.

Livro de Horas

Aqui, diante de mim,
Eu, pecador me confesso
De ser assim como sou.
Me confesso do bom e do mau
Que vão ao leme da nau
Nesta deriva em que vou.

...

Miguel Torga